Especialistas destacam desafios e oportunidades para a modernização do setor no Brasil
O Fórum Pernambuco Export 2024, realizado nos dias 20 de fevereiro, reuniu importantes lideranças do setor de infraestrutura, logística e comércio exterior para discutir o futuro da inovação no Brasil. Um dos momentos mais esperados do evento foi o painel “Inovação e Tecnologia: O Futuro da infraestrutura e logística”, que trouxe reflexões essenciais sobre os avanços e desafios da transformação digital no setor.
Participaram do debate:
Karina Martins – Diretora Executiva do HUB Brasil Export
Tetsu Koike – Diretor de Políticas Setoriais, Planejamento e Inovação do Ministério de Portos e Aeroportos
Silvio Vital – Coordenador de Inovação Aberta do Porto Digital
Guilherme Cavalcanti – Secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo de Pernambuco
Com moderação de Karina Martins, os painelistas compartilharam suas visões sobre inovação no setor portuário, os desafios de implementação de novas tecnologias e o papel do governo e das startups na construção de um ecossistema mais eficiente, sustentável e competitivo.
Pacto Soul Export e a necessidade de união no setor
A diretora do HUB Brasil Export, Karina Martins, abriu o painel apresentando a iniciativa Pacto Soul Export, uma parceria entre o HUB e o Ministério de Portos e Aeroportos. A campanha busca unir governo, empresas, startups e academia para fomentar a inovação e a tecnologia no setor logístico.
“Nosso objetivo é criar um grande think tank, conectando todos os agentes do setor para impulsionar soluções tecnológicas e educacionais. A inovação precisa ser pensada como um benefício coletivo e não apenas para empresas isoladas.” – Karina Martins.
Dentre as iniciativas do Pacto Soul Export, destacam-se a plataforma virtual de conexão entre startups e empresas, o sandbox regulatório para testes de novas tecnologias e um forte viés educacional para capacitação do setor.
O Brasil ainda precisa avançar na inovação portuária
O diretor Tetsu Koike trouxe um panorama da inovação no setor portuário brasileiro e destacou um problema estrutural: a falta de regulamentação e incentivos governamentais voltados para tecnologia nos portos.
“A Lei dos Portos completou 10 anos e, até hoje, não menciona inovação, tecnologia ou transformação digital. Em outros setores, como o de energia e rodovias, há exigências legais para investimentos em inovação. Precisamos levar essa visão para o setor portuário também.” – Tetsu Koike.
Segundo ele, o Ministério de Portos e Aeroportos está estruturando novas iniciativas para modernizar o setor e eliminar entraves burocráticos que dificultam o avanço da digitalização e da automação.
Caravanas da inovação: Expandindo a cultura de inovação pelo Brasil
Outra iniciativa apresentada no painel foi a Caravanas da Inovação, um programa que busca disseminar a cultura da inovação nos portos brasileiros. O projeto terá sua primeira edição no Porto Digital, em Recife, e seguirá para outras cidades estratégicas como Salvador, Fortaleza, São Luís e Santos.
“Apesar dos avanços tecnológicos, a inovação ainda não está incorporada no DNA dos portos brasileiros. As Caravanas da Inovação vão conectar as administrações portuárias com hubs de tecnologia, promovendo um intercâmbio essencial para o crescimento do setor.” – Tetsu Koike.
Os maiores desafios para a inovação no setor
Durante o painel, Silvio Vital, do Porto Digital, destacou os três principais desafios que dificultam a adoção de novas tecnologias nos portos e na logística:
- Cultura organizacional – Poucos portos possuem diretorias ou times dedicados à inovação.
- Governança e regulamentação – Há dificuldades em integrar startups no setor devido a barreiras regulatórias e entraves burocráticos.
- Oferta de soluções tecnológicas – O número de startups focadas no setor portuário ainda é muito pequeno no Brasil.
“Precisamos estruturar um ambiente que facilite a inovação, desde a mentalidade dos gestores até a infraestrutura necessária para receber novas tecnologias nos portos. Isso inclui desde a melhoria na conectividade até a flexibilização de processos para startups.” – Silvio Vital.
Além disso, ele reforçou que a inovação aberta pode ser uma alternativa para acelerar esse processo, permitindo testes rápidos e de baixo custo antes de grandes investimentos.
O Brasil pode ser uma referência global em inovação portuária?
Na reta final do painel, os participantes discutiram os caminhos para tornar o Brasil um hub global de inovação no setor portuário. Para Guilherme Cavalcanti, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, a solução passa por investimento contínuo e confiança na tecnologia nacional.
“Precisamos parar de importar soluções e começar a desenvolver inovação com as competências que já temos aqui. Confiar no nosso ecossistema é o primeiro passo para criar um setor mais competitivo globalmente.” – Guilherme Cavalcanti.
Ele destacou que o Porto Digital já é uma referência no setor tecnológico e que essa experiência pode ser aplicada aos portos e aeroportos do Brasil.
Próximos passos
O painel foi encerrado com um convite para que empresas e entidades se unam ao Pacto Soul Export, participem das Caravanas da Inovação e do próximo Inova Export, que acontecerá em março, em Santos.
Karina Martins reforçou a importância da colaboração para o avanço do setor:
“A inovação só acontece quando há colaboração. O futuro da logística e da infraestrutura depende da união de esforços entre governo, empresas e startups. O momento de agir é agora.”
O Fórum Pernambuco Export mostrou que o Brasil tem potencial para se tornar um grande polo de inovação no setor portuário e logístico, mas para isso é preciso investir, regularizar e, principalmente, acreditar no próprio ecossistema.
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Confira na íntegra:
